Sem que percebamos, em torno de toda decisão existem aspectos tanto conscientes quanto inconscientes que nos influenciam. Como tudo na vida, isto também acarreta riscos, e o mais crítico é nossa intrínseca e natural inabilidade em enxergar estes aspectos.
Como tomamos decisões desde nosso nascimento, naturalmente tendemos a acreditar que somos excelentes tomadores de decisões, até porque ainda estamos vivos, então mais acertamos do que erramos, não é mesmo? Absolutamente NÃO!
O fato de estarmos vivos ainda, pelo menos até este exato momento, somente comprova que as decisões mais básicas de sobrevivência, conduzidas automaticamente pelo nosso subconsciente, responsável pelo processo decisório rápido, está cumprindo seu papel: nos manter vivos. E sabemos, ou ao menos deveríamos saber (se você não sabia, agora sabe), que estar vivo é muito diferente de viver o que queremos.
Como diria o antigo filósofo chinês Confúcio: “A ignorância é uma dádiva.”. Uma dádiva, por assim dizer, única e exclusivamente porque à mercê da ignorância, não nos damos conta do caos que está ao nosso redor. Em contrapartida, a partir da consciência do caos ao nosso redor, podemos assumir a responsabilidade e o “poder” de alterar o nosso redor através da manipulação consciente de nossas decisões.
Para isto, podemos assumir inúmeras formas de interpretar os aspectos que norteiam nossas decisões. Obviamente eu apresentarei a você minha interpretação, pautada por algumas décadas de pesquisas e por minha própria experiência.
Macro Aspectos da Decisão
Classifico os aspectos da tomada de decisão em 7 diferentes grupos, nomeados de Macro Aspectos da Decisão, cujo objetivo é nortear nossas decisões quantos aos pontos mais importantes em nossas vidas, não importa o assunto.
Desde negócios e finança, até relacionamentos e saúde, estes Macro Aspectos da Decisão abordam o necessário para garantir que harmonia entre quem somos e o que desejamos para nossa vida.
O que nos traz sofrimento a partir de nossas percepções sobre nossas próprias vidas é a falta de consistência e coerência entre o que nos cerca, e o que nos cerca é basicamente formado por nossas decisões. Não temos o poder de controlar o resultado de nossas decisões, mas a partir do momento em que nos certificamos de que estas decisões são pautadas com consistência e coerência entre seus Macro Aspectos da Decisão, tudo flui de forma mais satisfatória e saudável para nós e para aqueles que nos cercam.
Agora vamos para os 7 Macro Aspectos da Decisão!
1. Valores Pessoais Primordiais
Tudo começa com o autoconhecimento, pois somente a partir dele podemos compreender e nos preparar para os resultados de nossas decisões. Os Valores Pessoais Primordiais são nosso guia em tudo na vida, todos os dias, o dia inteiro. São nossa bússola para indicar as fronteiras do que é aceitável para nós, e do que não é.
Estes valores são compostos por diferentes tipos como, por exemplo, morais, sociais, eletivos, econômicos, espirituais, dentre outros. Cada um destes tipos, possuindo inúmeras variações. Para facilitar o entendimento, citarei os mais comuns: integridade, honestidade, sinceridade, não gastar mais do que você ganha, respeitar o próximo, tolerância, igualdade e assim por diante.
Apenas através do equilíbrio entre a alternativa escolhida para a decisão e seus Valores Pessoais Primordiais é possível viver em paz com sua decisão, sem torturar-se, sem remorso, sem arrependimento.
2. Propósito & Objetivos de Vida
Quem não quer realizar seus objetivos de vida, não é mesmo? E por que tão poucas pessoas afirmam de fato conseguir? Aqui está a explicação.
Após respeitar seus Valores Pessoais Primordiais, o próximo passo é validar a coerência das alternativas da decisão com relação ao seu Propósito & Objetivos de Vida. Quanto maior a coerência, maior a sensação de satisfação e plenitude com relação ao rumo de sua vida, e mais próximo de seus objetivos você estará.
Sem que percebamos, apenas cerca de 11% de nossas decisões diárias nos conduzem rumo ao que realmente desejamos. Isto, considerando o percentual máximo. Ou seja, grande parte de seus dias passam sem sequer uma única decisão que lhe impulsione rumo ao que realmente deseja. E considere, ainda, que as demais 89% das decisões de seu dia podem ser totalmente contrárias ao seu Propósito & Objetivos de Vida, não só retardando sua evolução na vida, como também sabotando ela e lhe afastando cada vez mais do que tanto deseja.
3. Raio de Impacto
Considerando tudo até agora, acredito que você já tenha uma boa noção da importância dos aspectos anteriores em sua vida. Mas e quanto à vida das pessoas ao seu redor? E a tudo mais que existe?
Todas as decisões funcionam como explosivos: elas iniciam em um ponto, e possuem um raio de impacto, que simboliza o alcance das consequências de cada decisão. Assim como os diferentes tipos de explosivos que existem, cada decisão possui seu próprio Raio de Impacto.
Quando você lança uma granada, ou seja, uma decisão, o resultado dela (explosão) atinge muitas outras pessoas e eventos ao redor, com consequências que vão desde imperceptíveis até devastadoras. A primeira característica que peritos em explosivos buscam identificar, é exatamente o tipo do explosivo com o qual estão lidando, para prever o Raio de Impacto e antever e minimizar a destruição que pode ser gerada a partir da explosão.
4. Janela de Tempo
A segunda característica a ser identificada por um perito em explosivos é a Janela de Tempo até a explosão, o que ajuda a limitar as alternativas de ação e definem o tempo de resposta da equipe tática.
Da mesma forma, a Janela de Tempo é um item crucial de orientação quanto à sua decisão. Quanto tempo você possui para traçar as alternativas e definir a melhor a ser implantada? Em quanto tempo os resultados devem surgir? Quanto tempo para que estes resultados sejam mensurados?
Existem decisões que, em si, não possuem de forma explícita uma Janela de Tempo, e estas são as mais perigosas, como um cão desconhecido que não demonstra qualquer emoção ao se aproximar de você: o que acontecerá? Você deixa o tempo passar, e muitas vezes só se dá conta de que havia uma decisão a ser tomada quando sofre o impacto da explosão.
5. Essencialismo
Como o próprio termo diz, apenas focar no que é essencial. A cada ano nossa atenção é mais e mais demandada por uma infinidade de pessoas, empresas e artifícios que possuem um objetivo em comum: lhe convencer a doar seu precioso e insubstituível tempo para a causa deles, e a abandonar a sua própria causa.
O termo essencialismo, assim como o minimalismo, surgiu em resposta a este tsunami devastador que sobrecarrega nossa atenção com coisas desnecessárias e fúteis, que não nos competem e, quando nos damos conta, compramos um monte de coisas que nem queríamos, estamos vivendo uma vida que não é nossa e, ainda por cima, somos sobrados por coisas que nem fazemos ideia.
Por isso, é crucial limitar todas as alternativas ao essencial para o atendimento à sua real necessidade na vida. Por que esta decisão? Ela precisa, de fato, ser tomada por você? Há sequer uma decisão a ser tomada? As alternativas foram identificadas por mim, ou vieram de terceiros? Estas são apenas algumas das preocupações deste Macro Aspecto da Decisão.
6. Verdadeira Prioridade
Com isso, chegamos a um Macro Aspecto da Decisão diretamente relacionado com o Essencialismo: a Verdadeira Prioridade.
Temos uma capacidade finita de lidar com uma única atividade que exija atuação direta do consciente por vez. Sim, todos nós, aquela ideia de que mulheres conseguem executar duas coisas simultaneamente é um mito, o que ocorre é que a comunicação entre os dois hemisférios do cérebro da mulher é mais rápida do que do homem, o que facilita na transição entre tarefas. Em contrapartida, o cérebro do homem possui melhor percepção dimensional, ou seja, de tempo e espaço. Enfim, vamos voltar ao foco.
Considerando esta limitação, é crucial que escolhamos o mais prioritário para focar nossos esforços, inclusive por questão de sobrevivência. Neste ponto, nossa sociedade sofre atualmente com uma falta de proporção com relação a prioridades sem precedentes na história. Se olhar ao redor, perceberá que todos afirmam que tudo é urgente. Logo, nada é urgente, porque nada fica de fato, em primeiro lugar. Tudo fica no mesmo nível, o que é incoerente e prova de que perdemos completamente o senso real de importância.
Como resultado, o grande mal do século é a síndrome do pensamento acelerado, responsável pelo absurdo nível de ansiedade no mundo todo, que faz com que crianças de 8 anos já sofram do nível de stress que nossos pais sofriam na década de 80 (quem for geração Z deve considerar avós, e quem for baby boomer considere-se a referência).
7. Verdadeira Responsabilização
E por fim, sem a “chave de ouro”: quem é verdadeiramente responsável pela decisão e por suas consequências?
Em muitas ocasiões, tomamos decisões porque outras pessoas querem que o façamos, assim como fazemos com que outras pessoas tomem decisões por nós. Então para finalizar o ciclo da tomada de decisão, é preciso colocar cada um em seu devido lugar. Ninguém deve decidir, por exemplo, a carreira que você deve seguir. Assim como você não deve decidir o que outra pessoa deve vestir.
Cada um decide sobre o pouco e ilusório poder que lhe é conferido ao nascer: sua própria vida. Então, se você não pretende assumir a responsabilidade e as consequências de dada decisão, você não é a pessoa que a deveria tomar, você não é intitulado para isto, então deixe com quem é. Assim como você deve filtrar a Verdadeira Responsabilização para evitar ser usurpado por terceiros, na tentativa de se esquivarem da responsabilidade e de economizarem o próprio tempo, fazendo com que você invista o seu no que não lhe compete.
Palavras Finais
Fechamos aqui a breve descrição dos 7 Macro Aspectos da Decisão, que contemplam o necessário para garantir consistência e coerência em suas decisões, resultando em uma vida alinhada com quem você verdadeiramente é, e com o que realmente quer.
Espero que este artigo tenha lhe conduzido a uma profunda reflexão sobre esta pequena parte do ciclo de tomada de decisão.
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